18.9.08

beco sem saída

início de uma batalha destinada. perguntei por ti às nuvens que nada me souberam dizer além de um murmúrio entrelaçado em consolos e sonhos que de pouco valem no terramoto dos dias que passo. pergunto-me porque continuo a persistir com passos na calçada velha de Lisboa quando estas ruas já há muito perderam a presença de quem preciso. entro em mais um bar, bebo mais um copo, saio com o mesmo estado de espírito com que entrei. ainda penso no cheiro da tua camisola e no teu jeito de andar. gostava de te dizer para endireitares as costas apesar de tu já não precisares de o ouvir. mas só mais uma vez, gostava de te dizer "amor, endireita as costas". há coisas que passam e deixam vontades, tu és uma delas. recuo nos meus sapatos novos e fico parada em frente à montra de uma livraria qualquer de uma rua qualquer. penso que talvez não me devia precipitar mas eu sou mais impulsiva que isto. entro e saio de livro na mão "poemas de um coração engomado". de bolso vazio e olhos postos nas páginas, viro-as com sede. as palavras são todas iguais, tal como este ar e começo a pensar que nada me fará reaproximar do teu peito onde deitava a cabeça só para ouvir aquela batida que me reconfortava. o céu está agora limpo. as nuvens já não têm mais o que dizer. não quero continuar a chocar com as pessoas, tento voltar para casa mas sinto que talvez já tenha bebida a mais e ninguém à minha espera. tenho vontade de rodopiar e que a cabeça estale porque qualquer coisa é melhor que isto, melhor que o nada, melhor que os poemas desconexos, melhor que a minha blusa a cheirar a alcool, melhor que o chão sujo, melhor que estas canções de amor, melhor que eu sem ti.

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